sábado, 15 de julho de 2017

Montar ou não montar os clássicos? Eis a questão.

A questão surgiu em sala de aula: Por que montar apenas os clássicos do teatro mundial quando há obras mais recentes, inclusive nacionais, para serem encenadas? Talvez o ponto de discussão não tenha ficado evidente no momento, já que alguns interpretaram o questionamento como uma restrição ao uso de textos do passado. Em minha percepção, no entanto, a provocação era direcionada ao esgotamento destes textos em centenas de montagens da mesma obra ou autor pelas mais diversas companhias ou coletivos de teatro. A este respeito, portanto, tenho algumas considerações:

Na verdade, não vejo problemas em se montar clássicos. Vejo problemas no fato de se montar apenas eles, ou tê-los como prioridade na escolha de que textos produzir, desconsiderando a existência de criações mais recentes, cujas probabilidades de diálogo com o presente são maiores até mesmo pela proximidade das inquietações contemporâneas e do contexto de quando são criados e levados ao palco. Isso não implica em uma crença de que somente peças atuais possam comunicar com o público do presente. Há histórias, narrativas e arquétipos capazes de atingir uma grande variedade de espectadores ao longo de épocas e lugares os mais heterogêneos.

Não se trata, portanto, de desprezar as dramaturgias que marcaram a história do teatro, mas sim de não menosprezar as do presente em função de preferências comerciais por títulos e autores que atraem público por serem mais conhecidos.

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