O espetáculo Dorotéia
dirigido por Jorge Farjalla a partir do texto de Nelson Rodrigues. Traz como
protagonista da peça a atriz Rosamaria Murtinho e Letícia Espiller no elenco, além
dessas atrizes que marcam a divulgação do espetáculo que acaba ganhando um peso
de ser Global. Temos a presença das atrizes, Anna Machado, Dida Camero,
Jaqueline Farias e Aleixa Deschamps, uma mistura que sustenta o espetáculo. A
Proposta do senário traz uma inovação nas cores e formas utilizadas nessa
montagem, comparado a outros espetáculos recém montados de Doroteia. Segundo o
diretor Jorge Farjalla: o senário e figurinos não seguem as rubricas da peça de
Nelson Rodrigues. Além dessa mudança também surge os “Homens Jarros” criação do diretor.
A peça foi escrita por Nelson
Rodrigues em 1949. Conta a história da personagem Doroteia que acaba de perder
seu filho e decide bater na porta da casa de Dona Flávia, Maura e Carmelita. A
moça Doroteia diz ser prima delas. Acontece que as mulheres dessa família são
herdeiras de dois sintomas: o primeiro é que não podem ver homens e o segundo
todas sentem náuseas após a primeira relação sexual.
O espetáculo da início com
um senário organizado para um teatro de arena, mesmo em um palco italiano o
diretor tem a preocupação de disponibilizar alguns lugares em volta do palco
para que o público se acomode. O que me incomodou foi a forma como essas
pessoas foram direcionadas para esses acentos. Depois que toda a plateia se acomodou
nas poltronas o espetáculo iniciou e algumas pessoas ainda estavam sendo
deslocadas ao redor do palco sujando a cena que já estava acontecendo. Não sei
se esse ocorrido aconteceu apenas quando eu assisti. Além disso acredito que a
partir do momento que eu estou preste a assisti um trabalho tudo ao meu redor
deve ser observado.
O que
mais me chamou atenção do cenário foi as gigantescas arvores colocadas em volta
do palco de onde saiam as músicas presentes durante o espetáculo. Das arvores
também saiam algumas vezes os Homens Jarros figuras masculinas que circulavam
pelas cenas algumas vezes tocando instrumentos outra apenas jogando com os
personagens.
Fiquei pensando no formato padrão
dos corpos masculinos colocados em cena, todos os atores músicos possuíam físicos
bem desenhados e esculturais. Isso talvez não seja resultado da indústria da
imagem vendida na mídia? Bom se é ou não é era atraente para a plateia observar
esses corpos desfilando pelas cenas. O conjunto de cenário e figurinos que mais
lembravam capas de sofá dos anos 70 deram um tom lúdico para o espetáculo. As
vozes das atrizes contavam com um sistema que provocavam um eco criando uma atmosfera
que lembrava um ambiente pesado como um “Umbral” lugar onde ficam as almas
perdidas entre o céu e a terra.
Dorotéia interpretada por
Leticia Spiller que deixou a desejar com sua atuação que em muitos momentos
parecia que estava sendo interpretada para uma câmera de TV. Não senti entrega nem
força cênica da atriz com a personagem. Apesar dos figurinos e maquiagem serem maravilhosos
a atriz deixou por desejar, mesmo assim sua presença era esperada pela plateia
que em diversos momentos vibrava quando Leticia Spiller entrava em cena. Isso
me causou uma frustação em pensar que muitas das vezes as cassas cheias não são
por causa da boa peça e atuação dos atores e sim por conta de uma imagem
vendida.
As cenas eram resolvidas de
forma inteligente, teve momentos que pareciam jogos de palhaços como a hora que
a filha de dona Flavia interpretada por Rosamaria Murtinho das Dores, personagem que na peça de Nelson Rodrigues
havia nascido morta do ventre de sua mãe e cresceu sem saber de seu
falecimento. No momento que dona Flavia revela para das Dores que ela nasceu morta
das Dores volta para o ventre da mãe para nascer novamente. A cena é resolvida
da seguinte forma: a atriz caminha até dona Flavia que está sentada em uma
cadeira que fica coberta pela sua saia, nesse momento a personagem das Dores
passa por debaixo da cadeira enquanto dona Flavia grita. Forma simples de resolução
no momento me pareceu mal trabalhada. Achei um pouco dramático de mais, e
lembrei dos jogos de palhaços que muitas das vezes são simples e exagerados.
No todo o espetáculo é interessante
tem momentos que aparecem algumas críticas feita por Nelson Rodriguem ao
escrever Doroteia. Críticas que falam sobre o padrão de beleza que a sociedade
impõem, da mediocridade da família burguesa. Tudo isso o diretor e os atores
conseguem chegar em alguns momentos, mais ainda sinto falta de uma
interpretação mais entregue isso talvez tenha impedido Dortéia de Jorge Farjalla
de receber mais aplausos.
Ficha Técnica:
Texto:
Dorotéia
Autor:
Nelson Rodrigues
Diretor:
Jorge Farjalla
Assistente
de Direção: Diogo pasquim
Elenco:
Rasamaria Murtinho, Letícia Spiller, Alexia Drdchamps, Dida Camero, Anna Machado e Jaqueline Farias.
Homens
Jarros (músicos): Fernando Gajo, Pablo Vares, André Américo, Du Machado, Daniel
Veiga e Rafael Kalil
Cenógrafo:
Zé Dias
Figurino:
Lulu Areal
Direção
Musical: JP Mendonça
Direção
de produção: Bruna Petit
Produção
executiva: Sandra Valverde
Produção
operacional: Lu Klein