domingo, 13 de agosto de 2017

Pegue seu cotonete, limpe seus ouvidos...

... porque a Cia. Hiato vai te contar 2 Ficções e tudo ali, na sua frente.

     Em 2003, era exibida a novela Mulheres Apaixonadas na Globo. Na famosa “novela das 8”, Manoel Carlos escreveu a personagem Rafaela, essa interpretada na novela por Paula Picarelli. Na época eu nem imaginava que cursaria Artes Cênicas e 14 anos depois, durante uma aula do curso eis que me deparo novamente com Paula Picarelli. Dessa vez a atriz representava outra personagem, diferente e distante da Rafaela de 2003.
     Num trailer do espetáculo 2 Ficções da Cia. Hiato que fora apresentado em sala de aula pela Prof.ª Letícia Mendes de Oliveira, ali estava Paula e mais o restante do elenco da Cia. Hiato.

   No trailer, o que mais me chamou a atenção a princípio foi a infinidade de cotonetes usados em cena como cenografia e objeto de cena. Fiquei me perguntando se aquele trailer me faria captar o que aquele espetáculo tinha de tão chamativo e interessante e se me faria sentir aquela vontade de sair de casa e ir direto ao teatro mais próximo. E conseguiu.

   Jogando com metalinguagem e trazendo ao público duas possibilidades de interação com o espetáculo, 2 Ficções habitam o mesmo espaço de maneira peculiar. Na primeira possibilidade, a interação com o espetáculo se dá através da condução feita pelas vozes dos atores para as memórias dos personagens da peça, como se essas memórias fossem obras de um museu. A segunda é a apresentação de um espetáculo teatral que não foi finalizado devido a notícia de uma morte. Aqui o público interage com a cena de forma direta.
    O que não se pode reparar na vida real se torna possível no espetáculo. A tentativa de reescrever a história das personagens é feita as claras, ou seja, todo o “maquinário teatral” é exposto: coxias, iluminação e até mesmo direção, uma vez que o diretor está em cena.

   A incompletude das cenas e o limiar entre bastidores e representação atrai o olhar curioso do público e nos faz questionar o quão efêmero é a cena, a representação. Metalinguagem e teatralidade se unem a intimidade e assim se forma o espetáculo tem direção de Leonardo Moreira e elenco composto por Paula Picarelli, Aline Filócomo, Fernanda Stefanski, Mariah Amélia Farah e Thiago Amoral.

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